O termo síndrome de Estocolmo é usado por psiquiatras para descrever um conjunto de características psicológicas que levam a vítima a desenvolverem um comportamento afetivo pelo seu agressor.
Essa característica foi observada pela primeira vez em pessoas que foram feitas como reféns durante um assalto a banco em 1973 em Estocolmo na Suécia. Nesse incidente, dois bandidos mantiveram quatro funcionários do banco como reféns por seis dias dentro de um cofre. Quando o impasse terminou, as vítimas pareciam ter desenvolvido sentimentos positivos por seus captores e até expressado compaixão por eles.
É difícil entender o motivo pelo qual os reféns se identificam, formam apegos emocionais e até defendem seus agressores após uma situação aterrorizante e ameaçadora à vida, pois esse fenômeno é incomum e pode ocorrer em raras ocasiões. Além da ocorrência da síndrome em crimes com reféns, os psicólogos sugerem que ela também pode afetar membros de cultos e vítimas de abuso doméstico.
Sintomas
A síndrome de Estocolmo é um conceito psicológico usado para explicar as reações, mas não é um diagnóstico formal, disse Steven Norton, psicólogo forense em Rochester, Minnesota. A síndrome de Estocolmo não está listada na última edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (ferramenta utilizada por psicólogos e psiquiatras para diagnósticos de doenças mentais).
Entretanto, tanto a polícia quanto os profissionais de saúde mental reconhecem que a síndrome de Estocolmo pode ocorrer, por isso há uma aceitação geral e conscientização da doença.
Uma pessoa com a síndrome de Estocolmo pode começar a se identificar ou formar uma conexão próxima com as pessoas que a sequestraram. O cativo simpatiza com os seqüestradores e também pode se tornar emocionalmente dependente deles. Isso ocorre porque a vítima se torna cada vez mais deprimida e assustada, o que acarreta em uma diminuição da capacidade de cuidar de si mesma. Isso, por sua vez, as tornará mais dependentes de seus agressores.
As vítimas com a síndrome de Estocolmo exibem duas características principais: sentimentos positivos em relação aos mal-feitores e sentimentos negativos, como raiva e desconfiança, em relação à aplicação da lei, de acordo com um boletim de 1999 do FBI . A vítima pode temer que a investida policial possa ameaçar sua segurança.
Uma pessoa com a síndrome de Estocolmo pode começar a se identificar ou formar uma conexão próxima com as pessoas que a sequestraram. O cativo simpatiza com os seqüestradores e também pode se tornar emocionalmente dependente deles.
Os sintomas podem ser confundidos aos associados a outros diagnósticos, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e o “desamparo aprendido“. No último fenômeno, pessoas repetidamente expostas a situações estressantes, que estão além de seu controle, perdem a capacidade de tomar decisões.
Causas
Não estão claros os motivos da ocorrência da síndrome de Estocolmo. Alguns especialistas em saúde mental sugerem que é a síndrome é uma estratégia de auto-proteção e método de enfrentamento pessoal para vítimas de abuso físico e emocional.
“É realmente uma forma de sobrevivência”, segundo o médico Norton para o site Livescience. É uma estratégia de sobrevivência e um mecanismo de enfrentamento baseado no nível de medo, dependência e trauma da situação, disse ele.
Em uma publicação de 1995, a doutora Dee LR Graham, psicóloga e professora emérita da Universidade de Cincinnati em Ohio nos Estados Unidos, descreveu que é mais provável que a síndrome ocorra sob quatro condições:
- As vítimas sentem ou percebem uma ameaça à sua sobrevivência por estarem sujeitas a ação de bandidos.
- As vítimas exageram as pequenas ‘gentilezas’ vindas de seus agressores, como receber comida ou não simplesmente quando eles não a agridem.
- As vítimas são isoladas e observam perspectivas diferentes daquelas que tem os seus agressores.
- As vítimas sentem que não podem escapar daquela situação.
92% das vítimas de reféns nunca mostram sinais da síndrome de Estocolmo segundo relatório do FBI
Uma possível explicação para o desenvolvimento da síndrome é que, a princípio, os seqüestradores ameaçam violentamente as vítimas, o que gera pânico . Mas, se os captores não as ferirem, os reféns sentem gratidão pela pequena ‘gentileza’.
Os reféns também aprendem que, para sobreviver, precisam se sintonizar com as reações de seus raptores e desenvolvem traços psicológicos que agradem esses indivíduos, como dependência e obediência.
Os especialistas têm especulado que é a intensidade do incidente traumático, juntamente com a ausência do abuso físico para com as vítimas, apesar do medo de sua ocorrência, que cria um clima propício à síndrome de Estocolmo das vítimas (relatório de 2007 do FBI).
A síndrome de Estocolmo é uma condição rara, e isso pode explicar por que a pesquisa em torno dela é tão esparsa, disse o doutor Norton a revista. Um relatório de 1999 do FBI descobriu que 92% das vítimas de reféns nunca mostram sinais da síndrome de Estocolmo.
Com tão poucos casos, também não está claro como a síndrome de Estocolmo afeta a saúde mental de alguém anos após o incidente traumático, disse.