Uma teoria unificada da consciência pode estar a caminho

por Lucas
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Neurocientistas de toda a Europa decidiram colaborar para desvendar um dos quebra-cabeças mais complexos: a consciência. Em vez de trabalhar isoladamente em seus cantos acadêmicos, eles se uniram, para juntar suas teorias e recursos. Essa abordagem visa agilizar os esforços de pesquisa, evitar experimentos redundantes e acelerar as descobertas. Por que perder tempo reinventando a roda quando você pode simplesmente melhorá-la juntos?

O resultado desse esforço colaborativo é um estudo inovador publicado na revista Neuron. Esses pesquisadores, vindos de universidades renomadas na Holanda, Alemanha, Itália, Estônia e outros países, faziam parte do Human Brain Project. Esta iniciativa da União Europeia reuniu as melhores mentes de várias disciplinas com o objetivo comum de acelerar a pesquisa sobre o cérebro. O projeto durou de 2013 a 2023 e já está dando frutos com artigos de alto perfil surgindo em 2024, incluindo outro trabalho significativo na Imaging Neuroscience do MIT.

Mas nem tudo são flores no mundo da neurociência acadêmica. Por trás desses esforços colaborativos, há rumores de políticas e disputas territoriais. Alguns pesquisadores estão promovendo novos modelos colaborativos, desafiando sutilmente o status quo que prefere o trabalho isolado e a glória individual. Em campos como a fusão nuclear, a colaboração é comum e pública. Em contraste, áreas como ciências humanas e defesa nacional muitas vezes guardam zelosamente suas pesquisas, buscando patentes e prestígio.

Os autores do artigo na Neuron destacam uma questão crítica: historicamente, os cientistas desenvolveram e defenderam seus próprios frameworks teóricos de forma isolada. Isso levou a uma compreensão fragmentada da consciência, com várias teorias muitas vezes percebidas como contraditórias. No entanto, a nova abordagem colaborativa revela que muitas teorias podem não estar em conflito, afinal. Em vez disso, elas podem ser peças diferentes do mesmo quebra-cabeça, cada uma explicando diferentes aspectos da consciência.

Para testar isso, os pesquisadores focaram em cinco teorias principais da consciência. Essas teorias abrangem três dos quatro tipos de modelos propostos por dois neurocientistas influentes. Apesar de suas diferenças, essas teorias compartilham um terreno comum, particularmente em duas áreas-chave: processamento recorrente e integração. Isso significa que, em um nível fundamental, essas teorias concordam em certos mecanismos e processos dentro do cérebro.

O estudo também encontrou pontos de convergência mais específicos, como o papel significativo do córtex posterior do cérebro e a importância do feedback localizado na microcircuitaria do cérebro. Essas semelhanças sugerem que diferentes teorias podem estar convergindo para uma compreensão unificada da consciência, pelo menos em alguns níveis.

No entanto, a disseminação de diferentes teorias também gerou algum drama acadêmico. Pesquisadores são conhecidos por acusar teorias concorrentes de serem ilegítimas, o que não exatamente promove um espírito colaborativo. Os autores do artigo da Neuron argumentam que uma maior compreensão e comunicação entre os diferentes campos teóricos poderia mitigar esses conflitos. Afinal, ainda há muito que não sabemos sobre a consciência e os mecanismos internos do cérebro.

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