As plantas “gritam” quando precisam de água, simplesmente não conseguimos ouvi-las

por Lucas
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As plantas, frequentemente vistas como organismos silenciosos e passivos, possuem uma maneira secreta de expressar seu estresse: através do som. Pesquisas recentes descobriram que, em situações críticas, como sede ou dano físico, as plantas emitem sons ultrassônicos, semelhantes ao choro de um bebê pedindo atenção. Esta descoberta inovadora abre uma nova janela para a compreensão do comportamento das plantas e suas implicações tanto para a agricultura quanto para a ecologia.

Detectando o Indetectável: Chamados de Socorro das Plantas

A ideia de plantas emitindo sons pode parecer improvável, dada a ausência de cordas vocais ou pulmões nelas. No entanto, uma equipe de pesquisadores se propôs a desvendar esse mistério, focando suas atenções em plantas de tomate e tabaco. Eles colocaram essas plantas em uma câmara acústica à prova de som, comparando os sons emitidos por espécimes saudáveis e estressados. O estresse foi induzido ou por privação de água ou por corte de seus caules. Surpreendentemente, as plantas estressadas produziram 25 a 35 ruídos agudos, parecidos com estalos ou cliques, por hora. Em contraste, as plantas saudáveis eram relativamente silenciosas, emitindo apenas cerca de um som por hora.

Esta descoberta não se limitou ao ambiente controlado de uma câmara acústica. Os pesquisadores foram além, implementando um algoritmo de aprendizado de máquina em um ambiente de estufa barulhento. Este algoritmo conseguiu distinguir com sucesso as plantas estressadas das não estressadas, com uma precisão impressionante de cerca de 70%, apesar do ruído ambiente. Este avanço tecnológico tem implicações significativas para a agricultura, potencialmente levando a práticas agrícolas mais responsivas e sustentáveis.

O Mistério por Trás dos Sons das Plantas

A próxima questão lógica é: Como as plantas, desprovidas de mecanismos convencionais de produção de som, geram esses ruídos? Os pesquisadores sugerem que a resposta está em um processo conhecido como cavitação. Este fenômeno ocorre no xilema, o sistema de transporte de água da planta, onde bolhas de ar podem se formar, especialmente sob estresse. A formação ou explosão dessas bolhas é considerada responsável pelos sons estalantes registrados no estudo.

Potenciais Ouvintes no Mundo Natural

A revelação de que as plantas emitem sons naturalmente leva a outra pergunta intrigante: Quem, se alguém, está ouvindo esses sinais de estresse das plantas? Enquanto essas frequências ultrassônicas estão além das capacidades auditivas humanas sem o auxílio da tecnologia, outros organismos no ecossistema da planta podem estar sintonizados. A pesquisa sugere que certos insetos e animais, já conhecidos por utilizar som para comunicação, podem ser receptivos a esses sinais das plantas. Esta hipótese, se comprovada, poderia redefinir nossa compreensão das interações ecológicas e das relações planta-animal.

A autora principal do estudo, Lilach Hadany, sugere que esses sons podem ser uma forma de comunicação, potencialmente influenciando o comportamento de organismos como mariposas que planejam colocar ovos ou animais que contemplam se alimentar da planta. Os sons emitidos pelas plantas poderiam atuar como um elemento dissuasor ou atrativo, dependendo do contexto.

Conclusão

Esta pesquisa, publicada na renomada revista Cell, não apenas desafia nossa percepção das plantas como entidades silenciosas, mas também abre inúmeras vias para estudos futuros. Compreender a comunicação das plantas através do som poderia revolucionar nossa abordagem à agricultura e aprofundar nosso apreço pela complexidade da vida das plantas e suas interações com o meio ambiente. Afinal, as plantas, assim como nós, têm sua maneira única de pedir ajuda, um aspecto fascinante do intrincado tecido da natureza.

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