Estranha ‘bolha’ no centro da galáxia está emitindo radiação na Terra a cada 76 minutos

por Lucas
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Pesquisas astronômicas recentes trouxeram novas informações sobre fenômenos enigmáticos ocorrendo perto do buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea. Essa descoberta, ainda aguardando revisão por pares, é fundamental para entender os comportamentos complexos dos buracos negros e seus arredores.

Descobrindo a Fonte dos Jatos de Raios Gama

Uma equipe de astrofísicos da Universidade Nacional Autônoma do México pode ter resolvido um quebra-cabeça que intrigou a comunidade astronômica nos últimos dois anos. Seu estudo, disponível no servidor de pré-impressão arXiv, sugere que as explosões de raios gama de alta energia recebidas pela Terra emanam de uma mancha de gás orbitando o buraco negro, Sagitário A* (Sgr A*), a quase um terço da velocidade da luz.

Sgr A*, localizado a cerca de 26.700 anos-luz da Terra, chamou a atenção em 2021, quando pulsos de raios gama foram detectados. Dada a natureza dos buracos negros, que são cercados por um horizonte de eventos além do qual nem mesmo a luz pode escapar, ficou claro que esses raios gama não eram emitidos pelo próprio buraco negro, mas sim por suas proximidades.

Em outros buracos negros supermassivos, a radiação intensa é frequentemente emitida pelo disco de acreção circundante, onde condições turbulentas fazem com que gás e poeira emitam luz em todo o espectro eletromagnético. No entanto, a situação em torno do Sgr A* é diferente. Este buraco negro está cercado por uma quantidade mínima de matéria e se alimenta a uma taxa extremamente lenta, comparada a um ser humano subsistindo em um grão de arroz a cada milhão de anos. Essa analogia, feita pelo astrônomo Chris Impey da Universidade do Arizona, que não participou desta pesquisa, destaca as condições incomuns ao redor do buraco negro central da nossa galáxia.

Para determinar a origem desses raios gama, os pesquisadores analisaram dados do Telescópio Espacial de Raios Gama Fermi coletados entre junho e dezembro de 2022. Eles descobriram que as emissões de raios gama ocorriam a cada 76,32 minutos, um período intimamente ligado aos pulsos de radiação de raios X também observados da mesma região. Essa sincronia sugeria que ambos os tipos de radiação poderiam estar originando-se do mesmo processo físico.

O estudo propõe que uma mancha de gás orbitando o Sgr A* a aproximadamente 320 milhões de km/h é a fonte dessas emissões. Essa mancha, movendo-se a cerca de 30% da velocidade da luz, provavelmente emite luz em várias ondas do espectro, pulsando periodicamente enquanto orbita o buraco negro.

Esta descoberta é significativa por várias razões. Ela oferece insights sobre o comportamento dos buracos negros supermassivos, especialmente aqueles que não estão ativamente consumindo grandes quantidades de matéria. Compreender a dinâmica desses buracos negros relativamente quiescentes pode fornecer uma perspectiva mais ampla sobre a natureza diversa desses gigantes cósmicos. As descobertas também demonstram a importância das observações em múltiplos comprimentos de onda para desvendar os mistérios do universo. Ao combinar dados de raios gama e raios X, os pesquisadores foram capazes de montar uma imagem mais completa dos processos ocorrendo perto do Sgr A*.

Enquanto a comunidade científica aguarda a revisão por pares desta pesquisa, as implicações dessas descobertas já estão sendo consideradas. Elas poderiam remodelar nosso entendimento dos buracos negros e seus ambientes, oferecendo uma nova lente através da qual visualizar esses fenômenos celestes fascinantes e complexos. [LiveScience]

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