Imagens de satélite capturaram a formação de um sistema de baixa pressão com convecção e áreas frontais associadas no Atlântico Sul. Esse desenvolvimento, ocorrido em 17 de fevereiro, mostra os estágios iniciais do que pode evoluir para um ciclone subtropical ou tropical, um fenômeno raro para a bacia sul. O sistema mostrou sinais de organização desde o seu início.
A gênese desse sistema está ligada a uma DANA (depressão isolada em altos níveis), termo usado na meteorologia para descrever uma tempestade isolada ou de baixa altitude. Essa DANA em particular, com uma temperatura central em 500 hPa, desempenha um papel crucial na manutenção da convecção e da atividade de tempestades dentro do sistema. A área está atualmente experimentando baixo cisalhamento do vento, o que é propício para o desenvolvimento de atividade ciclônica.
O seio ciclônico do sistema de baixa pressão está saturado de umidade, auxiliado por um fluxo de umidade de latitudes tropicais. Esse influxo de umidade é crucial para o desenvolvimento do sistema, apesar das temperaturas da superfície do mar nas proximidades estarem normais ou ligeiramente abaixo da média para esta época do ano. As temperaturas iniciais da superfície ao redor da zona de formação foram registradas em aproximadamente 25-26 graus Celsius, com um movimento esperado em direção a regiões onde as temperaturas do mar estão em torno de 22-23 graus Celsius.
Previsões de modelos do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF) sugerem que o ciclone, chamado Akara, avançará sobre regiões marítimas, se desprendendo gradualmente dos sistemas frontais para potencialmente formar um ciclone ou tempestade subtropical. De acordo com essas previsões, o sistema provavelmente exibirá características de um ciclone com um núcleo quente, simétrico e profundo.
À medida que o sistema segue um caminho errático para o sul, não se espera que tenha um impacto direto em áreas continentais, embora ondas de até 4 metros possam se formar. O sistema se encontra em alto-mar, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Ciclones subtropicais ou tropicais são ocorrências incomuns no Atlântico Sul, com apenas alguns casos registrados na história recente. No entanto, alguns desses sistemas atingiram a terra, transformando-se em furacões significativos. Um exemplo notável é o Furacão Catarina, um evento excepcionalmente raro que se formou em março de 2004. Catarina rapidamente escalou para um furacão de categoria 2, caracterizado por ventos que atingiram 160 quilômetros por hora, antes de atingir a costa sul do Brasil em 28 de março.
