Os Scotoplanes, conhecidos como porcos-do-mar, são criaturas únicas que habitam as profundezas oceânicas. Estes holoturoídeos, um grupo de equinodermos, foram observados em uma interação intrigante com caranguejos-rei juvenis. Pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Aquário da Baía de Monterey (MBARI) descobriram esse fenômeno usando o veículo operado remotamente (ROV) Doc Ricketts.
Inicialmente, a missão era explorar os habitantes marinhos de um contêiner de transporte naufragado. No entanto, o foco mudou quando notaram pequenos caranguejos, especificamente juvenis de Neolithodes diomedeae, pegando carona nos porcos-do-mar. Os caranguejos, medindo cerca de 1,4 centímetros de diâmetro, foram encontrados agarrados às costas e barrigas dos porcos-do-mar.
Essa observação levou a uma revisão mais extensa, examinando filmagens de 2.600 Scotoplanes. Os resultados revelaram que aproximadamente 25% desses porcos-do-mar estavam transportando caranguejos-rei juvenis. A preferência dos caranguejos pela parte inferior dos porcos-do-mar os torna difíceis de detectar, sugerindo uma potencial estratégia de evasão de predadores. A eficácia do comportamento é sublinhada pelo fato de que 96% dos caranguejos-rei juvenis na mesma profundidade que os Scotoplanes foram encontrados engajados neste comportamento de carona.
Estratégias de Sobrevivência nas Planícies Abissais
As planícies abissais, onde ocorrem essas interações, apresentam um ambiente único para a vida marinha. Nesta vasta paisagem aberta, os Scotoplanes representam estruturas bentônicas significativas, oferecendo abrigo muito necessário para espécies vulneráveis. Caranguejos-rei juvenis, em particular, buscam proteção durante suas fases iniciais e após mudas, quando são mais suscetíveis a predadores, incluindo peixes predadores e outros caranguejos-rei canibais.
Em profundidades que variam de 1.000 a 6.000 metros, grandes grupos de porcos-do-mar podem ser encontrados. Alguns grupos compreendem até 600 indivíduos, tornando-os um santuário crucial para outras criaturas marinhas. Este papel como hospedeiro protetor não é único na interação com caranguejos-rei. Pepinos-do-mar, parentes dos porcos-do-mar, são conhecidos por suas relações simbióticas com outros animais marinhos, como os peixes-perola, que buscam refúgio dentro de seus reto.
A relação simbiótica entre porcos-do-mar e caranguejos-rei pode ser mutuamente benéfica. Enquanto os caranguejos ganham proteção e um meio de transporte, é possível que eles ajudem os porcos-do-mar removendo parasitas. Essa interação destaca as relações complexas e muitas vezes surpreendentes que evoluem nas profundezas do oceano, onde a sobrevivência muitas vezes depende da cooperação e do comportamento oportunista.
Fonte: MBARI