A NASA finalmente abriu o baú do asteróide Bennu e foi isso que encontraram

por Lucas
0 comentário 626 visualizações

A missão OSIRIS-REx, um projeto que durou oito anos e consumiu mais de um bilhão de dólares em recursos, culminou no retorno de uma bandeja de amostras repleta de rochas negras escuras do asteroide Bennu. À primeira vista, esses exemplares podem parecer comuns, assemelhando-se ao tipo de pedregulhos que se poderia encontrar em uma entrada de garagem. No entanto, essa aparência oculta a profunda significância científica do material.

Bennu, classificado como um asteroide do tipo “B”, acredita-se ser composto de substâncias que estavam presentes no alvorecer do nosso sistema solar, há mais de 4,5 bilhões de anos. Essas substâncias incluem compostos orgânicos, que, apesar do nome, não são indicativos de vida, mas sim moléculas complexas de carbono-hidrogênio (CH), e água. Essa combinação de materiais é conhecida como “condritos carbonáceos”.

Embora materiais semelhantes tenham sido encontrados na Terra na forma de meteoritos, como o bem conhecido meteorito Allende do México, esses exemplos terrestres sofreram transformações em sua jornada através da nossa atmosfera e seu tempo na superfície da Terra. Essa alteração, embora sutil, distingue-os da matéria primordial e intocada que constitui Bennu. Essa distinção sublinha o valor único das amostras retornadas pela OSIRIS-REx, que oferecem uma ligação mais direta às condições iniciais do nosso sistema solar.

Uma imagem em mosaico do asteroide Bennu. (Crédito: OCAMS/NASA)

Uma imagem em mosaico do asteroide Bennu. (Crédito: OCAMS/NASA)

A missão para Bennu envolveu um processo complexo de alcançar o asteroide, pousar um aparelho de amostragem em sua superfície e, em seguida, retornar o material coletado para a Terra. A jornada da amostra de volta à Terra foi meticulosamente gerenciada para preservar sua integridade, culminando em sua chegada em Utah. O recipiente que continha a amostra foi selado de forma tão eficaz que a NASA teve que desenvolver novas ferramentas para abri-lo, refletindo os desafios da missão e o cuidado tomado para manter a pureza da amostra.

Ao exame, o material de Bennu apareceu como uma substância escura e semelhante a fuligem, acredita-se que esteve no vazio do espaço por aproximadamente 4,5 bilhões de anos. O tamanho e a forma do asteroide, descritos como uma forma semelhante a um diamante de meio quilômetro, juntamente com sua superfície inesperadamente cheia de entulhos, apresentaram desafios adicionais à missão. Essa composição da superfície, assemelhando-se a um conglomerado de rochas, não era única em Bennu, pois uma textura semelhante foi observada em Ryugu, outro asteroide amostrado pela Agência Espacial Japonesa.

A importância da missão OSIRIS-REx vai além da mera aquisição de material de asteroide. O retorno dessas amostras à Terra possibilita um nível de análise e investigação científica que seria inviável se conduzida remotamente em um asteroide. As limitações dos instrumentos espaciais, em termos de delicadeza, peso e complexidade, exigem o retorno físico das amostras para uma análise minuciosa.

Essa missão marca a segunda instância, e a primeira para os Estados Unidos, de material de asteroide sendo trazido de volta ao nosso planeta. As análises dessas amostras fornecerão insights sobre sua idade precisa, composições químicas e isotópicas, e características mineralógicas. Além disso, a investigação se concentrará nos compostos orgânicos que permaneceram inalterados desde a formação do sistema solar. Esses componentes, juntamente com o conteúdo de água detectado, são essenciais para entender as condições que podem levar ao surgimento da vida.

O material recuperado de Bennu, embora aparentemente apenas uma coleção de rochas negras, representa uma conexão tangível com o sistema solar primitivo. O estudo dessas amostras tem o potencial de revelar informações sobre as condições primordiais que deram origem ao nosso planeta e por extensão, à vida como a conhecemos. Portanto, a missão OSIRIS-REx fornece uma ponte crítica para nossas origens cósmicas, oferecendo insights que só poderiam ser obtidos pelo exame direto de material não alterado pelos processos que afetam substâncias uma vez que chegam à superfície da Terra.

Fonte: Discover Magazine

Deixar comentário

* Ao utilizar este formulário você concorda com o armazenamento e tratamento de seus dados por este site.