Astrônomos detectam um disco orbitando uma estrela em outra galáxia pela primeira vez

por Lucas
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Astrônomos identificaram um importante fenômeno astronômico: um extenso disco de poeira e gás orbitando uma estrela em uma galáxia além da Via Láctea. Essa descoberta foi feita na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã a aproximadamente 179.000 anos-luz de nossa própria galáxia.

A presença de tal disco é um aspecto comum no desenvolvimento de estrelas e sistemas planetários, mas até agora, esse fenômeno não havia sido observado fora da Via Láctea. Essa observação oferece novas percepções sobre a universalidade dos processos de formação de estrelas.

O disco foi detectado através de dados do telescópio de rádio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array). Anna McLeod, uma astrônoma da Universidade de Durham no Reino Unido, expressou seu espanto e a importância de encontrar o primeiro disco de acreção extragaláctico. Essa descoberta sublinha o papel essencial dos discos na formação de estrelas e planetas, anteriormente confirmado apenas dentro da Via Láctea.

Impressão artística do disco recém-descoberto. (ESO/M. Kornmesser)

Impressão artística do disco recém-descoberto. (ESO/M. Kornmesser)

A Formação de Estrelas

As estrelas se originam de aglomerados densos dentro de nuvens de gás e poeira molecular no espaço interestelar. Quando um aglomerado atinge uma densidade crítica, ele colapsa sob sua própria gravidade. Esse processo envolve rotação e acúmulo de mais material da nuvem circundante. O material se organiza em um disco ao redor do equador da estrela, canalizando para a estrela de maneira controlada, semelhante à água girando em um ralo.

Uma vez que uma estrela completa sua formação, os remanescentes do disco contribuem para a criação de outros componentes do sistema planetário, como planetas, asteroides, cometas e poeira. Esse processo explica por que os planetas no Sistema Solar orbitam o Sol em um plano relativamente plano. A compreensão atual da formação de estrelas vem em grande parte de observações dentro de nossa galáxia, tornando a nova observação extragaláctica particularmente revolucionária.

Avanços Tecnológicos e Implicações Futuras

A detecção deste disco extragaláctico foi facilitada por avanços na tecnologia astronômica. O telescópio ALMA desempenhou um papel crucial na imagem de discos na Via Láctea, mas sua capacidade de capturar dados de uma galáxia distante como a Grande Nuvem de Magalhães marca uma conquista tecnológica significativa. Esta observação foi ainda apoiada por dados do instrumento Multi Unit Spectroscopic Explorer (MUSE) no Very Large Telescope, que inicialmente indicou sinais de um jato, uma característica comum na formação de estrelas.

Uma diferença chave entre o disco recém-observado e aqueles na Via Láctea é sua visibilidade em comprimentos de onda ópticos, atribuída ao menor conteúdo de poeira na Grande Nuvem de Magalhães. Isso permite uma visão mais clara da estrela, ao contrário das jovens estrelas da Via Láctea obscurecidas.

A descoberta tem implicações significativas para o entendimento da formação de estrelas em vários ambientes e os limites potenciais que esses ambientes impõem ao processo. O astrônomo Jonathan Henshaw da Universidade John Moores de Liverpool no Reino Unido destaca a importância de estudar o movimento do gás que emite luz para entender a dinâmica de tais discos. Ele traça um paralelo com o efeito Doppler, comumente observado na mudança de tom de uma sirene à medida que uma ambulância passa.

A astrônoma Anna McLeod enfatiza a empolgação de poder estudar a formação de estrelas a tais distâncias vastas e em uma galáxia diferente, apontando para uma nova era de pesquisa astronômica facilitada por rápidos avanços tecnológicos. Esta descoberta não apenas aprofunda nosso entendimento da formação de estrelas em diferentes galáxias, mas também abre caminhos para estudar a influência de variados ambientes interestelares neste processo cósmico fundamental.

A pesquisa detalhando essa descoberta foi publicada na revista Nature.

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