Especialistas preocupados com um vazamento no núcleo da Terra

por Lucas
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Uma equipe de pesquisadores do Instituto Oceanográfico de Woods Hole e do Instituto de Tecnologia da Califórnia fez uma descoberta que desafia crenças de longa data sobre o núcleo da Terra. Seus achados, publicados na renomada revista científica Nature, sugerem que o núcleo da Terra pode estar vazando hélio-3, um isótopo raro, para as camadas externas do planeta. Essa revelação veio à tona durante o exame de fluxos de lava com 62 milhões de anos na Ilha de Baffin, localizada no Arquipélago Ártico do Canadá.

A investigação dos cientistas sobre a lava antiga tinha inicialmente o objetivo de obter insights mais profundos sobre a composição da Terra e os mistérios mais amplos do universo. No entanto, os níveis inesperadamente altos de hélio-3 detectados nas rochas vulcânicas deixaram a comunidade científica perplexa. A presença de hélio-3 na superfície da Terra é particularmente intrigante porque esse isótopo normalmente se eleva para a atmosfera e depois se dissipa no espaço. A detecção de hélio-3 em rochas vulcânicas terrestres sugere uma conexão anteriormente desconhecida entre o núcleo da Terra e sua superfície.

Forrest Horton, um geoquímico do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, compartilhou insights com a VICE, destacando a natureza enigmática do núcleo da Terra. “Sabemos muito pouco sobre o núcleo da Terra, além do fato de que ele existe. Isso torna o estudo do núcleo tanto intrigante quanto frustrante”, disse Horton. Ele explicou ainda que a compreensão tradicional de que o núcleo e as camadas externas da Terra, incluindo o manto e a crosta, eram consideradas geoquimicamente isoladas, sem transferência de material entre elas. No entanto, os achados recentes desafiam essa noção e abrem novas vias para a pesquisa.

As altas proporções de hélio-3, hélio-4 e um terceiro isótopo encontrados nos fluxos de lava na Ilha de Baffin representam os níveis mais altos já descobertos em rochas vulcânicas terrestres. Esses achados não apenas levantam questões sobre a interação entre o núcleo da Terra e suas camadas externas, mas também sugerem as complexas dinâmicas que governam os funcionamentos internos de nosso planeta.

Horton expressou tanto entusiasmo quanto preocupação em relação às implicações de sua pesquisa. “De muitas maneiras, nosso estudo levanta mais perguntas do que respostas, então há muito trabalho a ser feito”, afirmou. A descoberta despertou um interesse renovado no estudo do núcleo da Terra e sua relação com a superfície, sugerindo que as camadas internas de nosso planeta podem conter mais segredos do que se pensava anteriormente.

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