Os surpreendentes benefícios de ter rosto, corpo e cérebro assimétricos

por Lucas
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O conceito de assimetria nas características físicas humanas e seu impacto percebido na beleza tem sido um tópico de interesse e estudo por séculos. Tradicionalmente, a simetria tem sido associada à atratividade e à beleza. No entanto, pesquisas recentes desafiam essa noção, sugerindo que a assimetria é um aspecto natural e comum da biologia humana que não diminui significativamente a atratividade de um indivíduo.

Começando com o corpo humano, a assimetria está inerentemente presente na disposição dos órgãos internos. Para a maioria das pessoas, o coração, o estômago e o baço estão posicionados à esquerda da medula espinhal, enquanto o fígado e a vesícula biliar estão situados à direita. Essa disposição não é apenas uma ocorrência aleatória, mas um posicionamento estratégico que otimiza o uso do espaço dentro do tórax e do abdômen. Essa eficiência na disposição espacial pode ser considerada um aspecto chave da evolução anatômica humana.

Ao examinar o cérebro humano, a assimetria é novamente evidente. O cérebro é dividido em dois hemisférios, cada um responsável por diferentes funções. Isso é particularmente notável em termos de habilidades motoras e destreza. Por exemplo, indivíduos destros têm o hemisfério esquerdo do cérebro, que controla o lado direito do corpo, mais especializado no controle fino dos músculos. Essa especialização permite uma maior destreza na mão dominante, um claro exemplo de como a assimetria cerebral se manifesta nas habilidades físicas.

A assimetria não se limita a estruturas físicas, mas se estende ao comportamento e processamento sensorial. Muitos indivíduos têm um ouvido ou olho dominante, um fenômeno que pode ser observado em tarefas simples, como espiar através de um buraco de fechadura. Onur Güntürkün, da Universidade Ruhr de Bochum na Alemanha, sugere que essa lateralização, ou preferência por um lado, acelera mudanças neurais associadas à aprendizagem. Por exemplo, o uso de uma mão para tarefas destros leva a um treinamento focado e a uma especialização neural mais rápida no hemisfério cerebral correspondente. Da mesma forma, treinar o córtex visual para reconhecer padrões em imagens complexas torna-se mais eficiente quando focado em desenvolver um lado do córtex.

O conceito de assimetria também se aplica a características faciais. Na concepção, os genomas humanos planejam que as características externas se desenvolvam simetricamente. No entanto, vários fatores, como doenças, podem causar desvios desse plano genético durante o desenvolvimento. Esses desvios levam às leves assimetrias faciais comumente observadas. A hipótese dos “bons genes” postulou que pessoas com rostos mais simétricos, tendo melhor saúde genética, seriam mais atraentes como potenciais parceiros. Essa ideia se baseava na suposição de que a simetria facial indica boa saúde do sistema imunológico e, portanto, material genético melhor para a prole.

No entanto, estudos recentes desafiam essa hipótese. Pesquisas conduzidas por Alex Jones na Universidade de Swansea, no Reino Unido, e Bastien Jaeger na Universidade de Tilburg, na Holanda, envolvendo participantes avaliando fotos de pessoas com variados níveis de assimetria facial, não encontraram uma relação significativa entre simetria facial e atratividade. Essa descoberta implica que a simetria facial pode não ser um fator crucial no encanto físico. Sugere que a beleza e a atratividade são mais subjetivas e variam muito entre os indivíduos, apoiando o adágio de que a beleza está nos olhos de quem vê.

Fonte: New Scientist

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