Tubarões brancos vistos em região do oceano onde não deveriam estar, e os cientistas não sabem por quê

por Lucas
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As zonas mesopelágica e crepuscular do oceano, geralmente envoltas em mistério, tornaram-se recentemente foco de descobertas científicas intrigantes. Um estudo revelou que grandes predadores marinhos, incluindo os imponentes tubarões brancos, rotineiramente se aventuram nestes reinos profundos do mar, muito abaixo de suas profundidades típicas de alimentação. Esse comportamento, observado em várias espécies, tem intrigado cientistas e desencadeado uma busca por compreensão.

Os pesquisadores examinaram dados de doze espécies de grandes peixes predadores, como tubarões, peixes-espada e atuns. A investigação centrou-se na zona mesopelágica, também conhecida como zona crepuscular, que fica entre 200 e 1.000 metros de profundidade, e na ainda mais enigmática zona da meia-noite, que se estende de 1.000 a 3.000 metros abaixo da superfície do oceano. “O oceano profundo parece ser um habitat importante, independentemente da espécie do predador”, comentou Camrin Braun, líder do estudo e cientista assistente no Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI).

Revelando as Profundezas

O estudo, publicado na revista PNAS em 6 de novembro, envolveu a análise de padrões de mergulho de 344 peixes predadores marcados eletronicamente. Esse grupo diversificado incluiu tubarões brancos, tubarões-tigre, tubarões-baleia, atuns de barbatana amarela e peixes-espada. A equipe de pesquisa correlacionou esses padrões com dados de sonar de navios durante um período cumulativo de 46.659 dias. Surpreendentemente, os resultados indicaram uma tendência consistente de mergulhos profundos nas zonas crepuscular e da meia-noite por esses predadores.

Uma descoberta significativa foi a relação entre esses mergulhos profundos e a localização da camada de dispersão profunda (CDP). A CDP, densamente repleta de pequenos peixes e organismos marinhos, costuma subir à superfície do oceano à noite para se alimentar e depois desce de volta para a zona crepuscular durante o dia. Os predadores parecem seguir esse padrão, indicando comportamentos de alimentação. No entanto, alguns mergulhos se estendiam muito além do alcance da CDP, deixando seu propósito envolto em mistério. Por exemplo, os tubarões brancos foram registrados mergulhando até 1.128 metros, com tubarões-baleia e peixes-espada alcançando profundidades ainda maiores de 1.912 e 2.000 metros, respectivamente.

Braun observou que, embora o mergulho profundo esteja claramente ligado à busca por alimento em alguns casos, outras instâncias sugerem diferentes razões ainda não compreendidas. Essas descobertas desafiam a noção anterior de que a zona crepuscular é de pouca importância para grandes predadores marinhos. Em vez disso, ela pode ser um habitat crítico, especialmente considerando que muitas espécies nesta zona são alvo de pescarias comerciais.

O estudo levanta questões vitais sobre o papel da zona crepuscular nos ecossistemas marinhos. “Se de fato houver mais biomassa na zona crepuscular do que em todas as pescarias marinhas atuais combinadas, poderíamos testemunhar uma ‘corrida do ouro’ mesopelágica”, especulou Braun. Esse cenário potencial sublinha a importância de compreender completamente as conexões entre predadores e biomassa mesopelágica para garantir o uso sustentável desses recursos do mar profundo.

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