“Padaria-prisão” descoberta em Pompéia é lembrete terrível de aspecto sombrio da história antiga

por Junior
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Escavações arqueológicas recentes em Pompéia, Itália, revelaram um aspecto anteriormente desconhecido do passado da antiga cidade romana. Foi descoberta uma estrutura, provavelmente uma combinação de padaria e prisão, onde pessoas escravizadas e burros eram confinados e forçados a moer grãos para fazer pão. Este processo era trabalhoso e podia levar muitas horas. A descoberta foi feita no local Regio IX, Insula 10, onde atualmente os esforços estão focados na segurança e consolidação das encostas nas bordas das áreas não escavadas de Pompéia.

A estrutura, referida pelo Parque Arqueológico de Pompéia como uma “padaria-prisão”, era um cômodo apertado com pouca ou nenhuma vista do mundo exterior. A única fonte de luz era de algumas pequenas janelas gradeadas colocadas no alto das paredes. Esta descoberta faz parte de uma casa recentemente descoberta em Pompéia. A casa, típica da época, era dividida em duas partes distintas: uma área residencial adornada com afrescos do Estilo IV, indicativo do estilo artístico prevalente em Pompéia de 62 a.C. até sua destruição em 79 a.C., e um “quarteirão produtivo” onde aconteciam trabalhos domésticos, como a padaria.

Escravidão antiga

Os burros eram frequentemente vendados durante o trabalho para evitar que se assustassem.

Os burros eram frequentemente vendados durante o trabalho para evitar que se assustassem.

A padaria-prisão fornece visões contundentes sobre as realidades da escravidão antiga. Gabriel Zuchtriegel, Diretor do Parque Arqueológico de Pompéia, comentou sobre a descoberta, afirmando que era um espaço onde a presença de pessoas de status servil era evidente. Ele destacou que sua liberdade de movimento era severamente restringida pelo proprietário da propriedade, reduzindo-os à “violência bruta”, um sentimento sublinhado pela presença de barras de ferro nas janelas.

A parte central da padaria abrigava o moinho, localizado na parte sul da sala e adjacente à estrebaria, identificável por um comedouro. Ao redor do moinho havia uma série de reentrâncias semicirculares nas lajes de pavimentação de basalto vulcânico. Inicialmente pensados ​​para serem causados ​​pelo desgaste ao longo do tempo, agora se acredita que essas reentrâncias foram deliberadamente esculpidas para guiar animais em seus movimentos repetitivos.

Fontes iconográficas e literárias, como os relevos do túmulo de Eurysaces em Roma e “O Asno de Ouro” de Apuleio, sugerem que o moinho era tipicamente operado por uma dupla composta por um burro e um escravo. O papel do escravo era multifacetado: empurrar a mó, incitar o animal, monitorar o processo de moagem, adicionar grãos e coletar farinha. As ranhuras no chão mostram sinais de desgaste significativo, um testemunho das inúmeras horas de movimento ao longo dos anos.

A padaria-prisão é um lembrete comovente das engrenagens de um mecanismo de relógio, conforme descrito pelo Parque Arqueológico de Pompéia. Simboliza a sincronização necessária em torno das quatro moinhos densamente embalados encontrados na área. Esta descoberta não só oferece um vislumbre das vidas diárias e das dificuldades daqueles que foram escravizados em Pompéia antiga, mas também oferece uma perspectiva sobre por que certos indivíduos, como Paulo, membro de um pequeno grupo religioso que mais tarde foi canonizado, defendiam uma mudança nas normas sociais da época. Paulo escreveu sobre ser servos, ou ‘douloi’, não a um mestre terreno, mas a um celestial, refletindo o desejo de transformar a ordem social vigente.

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