Restos de uma floresta megaflora ‘perdida’ de 22 milhões de anos é descoberta no Panamá

por Lucas
0 comentário 23 visualizações

Uma descoberta científica recente revelou os restos de uma antiga floresta de manguezais, com mais de 22 milhões de anos, na Ilha Barro Colorado no Canal do Panamá. Essa descoberta foi feita por cientistas do Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais. Eles encontraram 121 espécimes de madeira fossilizada em um riacho na ilha, que está situada no meio do Canal do Panamá, feito pelo homem. Esses fósseis são identificados como pertencentes a uma espécie extinta de mangue, até então desconhecida, chamada Sonneratioxylon barrocoloradoensis.

Manguezais são plantas únicas que normalmente crescem ao longo de áreas costeiras, predominantemente em climas mais quentes perto do equador. Sua distinção reside na capacidade de prosperar em condições salinas que normalmente seriam prejudiciais à maioria das plantas. Essas árvores que habitam o mar desenvolveram adaptações especializadas que lhes permitem extrair sal da água do mar circundante, permitindo que sobrevivam e cresçam em ambientes salinos.

Técnicas de datação radiométrica foram usadas para determinar a idade da madeira, estimada em aproximadamente 22,79 milhões de anos. Esse período corresponde ao estágio Aquitaniano da época do Mioceno Inferior. Durante esse tempo, o layout continental da Terra era marcadamente diferente do presente. O Panamá, por exemplo, estava conectado à América do Norte por uma longa e estreita península, uma região caracterizada por intensa atividade vulcânica.

A equipe de pesquisa realizou uma análise detalhada dos restos, deduzindo que a altura média dessas árvores antigas era de cerca de 25 metros, com alguns espécimes atingindo alturas de até 40 metros. Essas plantas são descritas como “megaflora” devido ao seu tamanho, significativamente maior do que os manguezais encontrados hoje.

Os achados sugerem que essas plantas gigantes faziam parte de uma vasta floresta de manguezais que existia ao longo da costa da cadeia vulcânica no centro do Panamá durante o Mioceno Inferior. No entanto, esse período não foi sem mudanças geológicas significativas. O Mioceno Inferior testemunhou a colisão das placas tectônicas da América do Sul e do Caribe, levando a uma atividade vulcânica dramática que alterou profundamente a paisagem do Panamá.

A destruição da floresta é atribuída a um lahar – um fluxo maciço de lama e material vulcânico. Esse lahar desceu a encosta de um vulcão, envolvendo e enterrando a floresta. A falta de oxigênio, aliada às altas concentrações de sílica nesse ambiente, impediu a decomposição da madeira, preservando-a por milhões de anos.

Em uma ironia histórica, os restos fossilizados dessa floresta foram descobertos no topo de uma colina que se tornou uma ilha artificial após a inundação durante a construção do Canal do Panamá no início do século 20. Enquanto desenvolvimentos massivos de infraestrutura como o Canal do Panamá muitas vezes levam à destruição de relíquias antigas, a escavação e remoção de sedimentos para a nova expansão do canal levaram a várias descobertas paleontológicas significativas. Entre elas estavam espécimes de madeira de 20 milhões de anos que lançaram luz sobre eventos-chave na história da Terra.

Os detalhes desta descoberta foram publicados no periódico científico Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology.

Deixar comentário

* Ao utilizar este formulário você concorda com o armazenamento e tratamento de seus dados por este site.